terça-feira, 10 de junho de 2008

ESSA NOSSA AMIGA - A SOMBRA


http://www.jorgedrexler.com/


Estava eu vendo o making off do show CARA B do cantautor uruguayo Jorge Drexler (a obsessão da vez – hahahahahaha - baixei toda a sua obra, única maneira de conhecê-lo já que no Brasil não sai nada dele) e, de repente, uma enorme emoção me invade.


As primeiras vezes em que entrei em contato com Jorge (infelizmente só pela internet – quando ele esteve em São Paulo fiquei sabendo um dia depois) deparei-me com um galã. E para mim, os galãs servem somente para uma - às vezes - breve apreciação de sua beleza estética e aparente.


Apesar disso, me interessei por muitas de suas músicas embora não me tocassem tanto quanto a obra de Pedro Guerra, um outro cantautor espanhol, cuja figura (ele é extremamente magro, dentuço e usa uns óculos tipo intelectual) cantando descalço – como Bethânia – me encheu de uma comoção advinda dessa identificação, que geralmente sentimos quando estamos diante da representação daquilo que existe de mais frágil em nós.



http://www.pedroguerra.com/

No citado making off, o que aparece nitidamente em volta da bonita estampa (ou seria “fina estampa”?) de Jorge Drexler é uma grande névoa escura, repleta de melancolia, de tristeza, de dor, de fragilidade.

E eu chorei!

E com as lágrimas foram-se todos os pré-conceitos que tive quando vi pela primeira vez a imagem deste homem que apesar de tão bonito, não se utiliza da beleza como máscara para encobrir seu lado sombrio, como fazem tantos tolos.

Mas como um artista de tanta sensibilidade, poderia ser tolo?



Hermana Duda (Jorge Drexler)

No tengo a quien rezarle pidiendo luz,
ando tanteando el espacio a ciegas..
No me malinterpreten,
no estoy quejándome..
Soy jardinero de mis dilemas.
Hermana duda,
pasarán los años,
cambiarán las modas,
vendrán otras guerras,
perderán los mismos...
y ojalá que tú
sigas teniéndome a tiro.
Pero esta noche, hermana duda,
hermana duda, dame un respiro.
No tengo a quien culpar
que no sea yo,
con mi reguero de cabos sueltos...
No me malinterpreten,
lo llevo bien,
o por lo menos
hago el intento.
Hermana duda,
pasarán los discos,
subirán las aguas,
cambiarán las crisis
y pagarán los mismos
y ojalá que tú
sigas mordiendo mi lengua
pero esta noche...
hermana duda..

hermana duda, dame un respiro.